A terceira força política no Brasil é o abstencionismo

Por Hernán Corbalán, Marx Brasil Bauru SP, Brasil.- 04/10/22

A classe trabalhadora brasileira é a maior e mais organizada da América do Sul. Isso implica uma grande preocupação com o imperialismo, que, através do Pentágono e de toda a imprensa burguesa, fabrica a ideia de que o fascismo está chegando, e que devemos votar no reformismo capitalista como a "melhor" saída.

É por isso que as últimas eleições no Brasil significaram, e significam no segundo turno ( votação ), um grande processo contrarrevolucionário que coloca um verdadeiro laço no pescoço de toda a classe trabalhadora e, além disso, a desarma para lutar.

Embora isso pareça uma contradição por se tratar de um processo de eleições "livres" sob um regime "democrático", é parte do que acontece com qualquer povo do mundo que deposite confiança e esperança no perverso sistema de " democracia para os ricos ". ". ou "democracia burguesa" . Assim, os resultados eleitorais do último domingo (22/10) representam um desastre político para o Partido dos Trabalhadores (PT) e a aliança que apoiou a candidatura de Lula. Todas as previsões de uma vitória esmagadora de Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PI (Internacional Progressista), que circulou fortemente algumas semanas antes das eleições presidenciais, apontavam para uma diferença superior a 10 pontos percentuais. Mas isso não aconteceu.

PARTE II

A margem pela qual o ex-presidente brasileiro prevaleceu acabou sendo muito estreita, apenas 2 pontos percentuais, ou seja, uma diferença de 6.187.156 votos que lhe permitiu liderar o cargo em direção ao executivo. É importante ter em mente que no caso de um país de 212.600.000 habitantes (2020), com um cadastro de 156.446.127 eleitores aptos, a diferença entre o progressismo e o bloco republicano foi mínima, e ao mesmo tempo muito alarmante. Em um cenário de segundo turno (30/10) as posições não são apenas ajustadas, mas vislumbra-se de antemão um profundo caráter de fraqueza política do PT.O primeiro turno colocou um grande número de senadores e deputados bolsonaristas no parlamento nacional (96) e desenhou um mapa político dos governos estaduais que literalmente dividiu o território em duas regiões muito contrastantes; Norte e Sul. No nordeste prevaleceu Lula e no sul Bolsonaro, deixando São Paulo (distrito industrial), Rio de Janeiro e Minas Gerais fora do alcance de Lulista.

PARTE III

NÃO HÁ POSSÍVEL ANÁLISE DO BRASIL SEM FOCO NA SITUAÇÃO INTERNACIONAL

Fazendo uma resoluta revisão internacional do cenário geopolítico, devemos alertar que estamos diante de um grande processo revolucionário . Os principais elementos dessa caracterização não se baseiam apenas na soma dos conflitos e embates entre as burguesias imperialista e semicolonial contra o proletariado mundial, mas hoje a escalada inflacionária mundial , a recessão na circulação comercial global e a guerra ucranianacomo um conflito de interesses das oligarquias eurasianas (Putin, Lukashenkco e Kadyrov) e do PROLETARIADO da região. Assim, então, esta guerra se limita a um contexto contrarrevolucionário em que a OTAN atua, por um lado, e a Rússia, por outro, tentando esmagar a monumental ascensão das massas na região do Leste Europeu e no resto do mundo .

Greves na Bélgica, EUA, México, Índia, Inglaterra, etc.; Fome na África Austral; Processos de migração em massa; Guerras civis no Oriente Médio; Invasões militares na Ucrânia, Rebelião de mulheres no Irã e trabalhadores no Líbano e na França; Golpes de Mianmar, lutas e revoltas populares na América do Sul, ditaduras capitalistas no Caribe, Nicarágua, Venezuela, assassinatos de líderes no Brasil, Colômbia; As mobilizações no Equador são alguns dos elementos à disposição de qualquer observador que queira ver a realidade. E rapidamente, diante da crise mundial do capitalismo, não tarda a resposta da classe trabalhadora, que começa a enfrentar suas lideranças burocráticas, todo o aparato repressivo disponível de governos e/ou regimes teocráticos como o de Irã, ou suas próprias lideranças políticas oportunistas. Como resultado de tudo isso, partiu inicialmente da maior crise financeira internacional que a humanidade testemunhou (2007/2008), que teve origem no próprio coração do imperialismo (Wall Street).

PARTE IV

Desde então, houve injeções colossais de dinheiro fictício emitido principalmente pelo Federal Reserve dos EUA e outros bancos centrais da UE. Desta forma, o sistema capitalista mal se sustenta em um "estado vegetativo" das grandes empresas multinacionais, bancos e conglomerados comerciais. A dinâmica dos resgates ou resgates financeiros foi aplicada por todos os governos de acordo com suas possibilidades, e em uma reversão dos fluxos de moeda os mesmos inventores fizeram o salto da taxa de juros, desencadeando-se então um sério processo inflacionário de dimensão planetária.

Essa inflação mundial caiu simultaneamente em todos os países, mas o fez com muita força no Brasil, somando-se à já existente. Um salto no preço dos combustíveis, fertilizantes e itens relacionados ao agronegócio, somado à alta da taxa de juros local, são o grande condicionante econômico para qualquer um dos candidatos que prevalecer em 30 de outubro.

Se "Lula" voltasse ao Planalto, o faria com um governo muito fraco. E se fosse o governo nas mãos de Bolsonaro, também seria um novo governo muito fraco, já que só é apoiado por um terço da população revisando os números frios.

PARTE V

Então é hora de começarmos a nos perguntar como é que mesmo a democracia burguesa , ou " democracias que só trabalham para os ricos " continua sendo aceita pelos bilhões de habitantes pobres e indigentes do planeta?

Os mecanismos utilizados pela democracia burguesa para determinar os pontos percentuais de seus candidatos são sempre uma armadilha de engano para o povo. Eles falsificam a realidade. Os números são utilizados de forma discricionária sem considerar a realidade que marca, a priori, o absenteísmo às urnas e os não representados pelo voto nulo e em branco. Hoje a terceira força política no Brasil hoje é a soma do ABSTENCIONISMO gigantesco (21%) mais os votos em branco, e os inválidos. Isso dá o número aproximado de 38 milhões de pessoas que não acreditam mais na democracia burguesa como regime, nem nessas eleições fraudulentas. Manipular os números serve à classe dominante para legitimar os líderes que mais tarde serão os ajustadores dos trabalhadores. Nenhum país escapa disso.

PARTE VI

EXISTE UMA SAÍDA "Melhor"?

Sim, claro que existe, e é SOCIALISMO. Esta é a grande tarefa que todos os revolucionários do planeta têm pela frente, é unir-se sob um programa revolucionário e DERRUBAR O CAPITALISMO para substituí-lo definitivamente pelo Governo Socialista Mundial dos Trabalhadores.