O próximo governo de Brasil não  representa os trabalhadores

08.11.2022

LA MARX BRASIL em LA MARX INTERNACIONAL

Em 30 de outubro de 2022 realizou-se no Brasil o 2º turno eleitoral para eleger um novo presidente. O dia transcorreu sem atritos ou atos de rebelião que colocassem em risco o desenrolar da segunda etapa eleitoral, fora e dentro do território federal brasileiro. Os bloqueios de rodovias e as mobilizações por apoiadores do atual governo brasileiro que ocorreram após o resultado das eleições, exigiam que o resultado das eleições fosse anulado por fraude, no entanto, Bolsonaro e as Forças Armadas aceitaram o resultado, desmentindo as acusações de fraude. Todos os setores capitalistas que representam 1% da população do Brasil concordaram em apoiar o regime democrático burguês capitalista, o qual garante seus lucros.

A partir da nossa análise atual, "La Marx Brasil" tem apontado em notas anteriores a fragilidade política dos dois partidos em disputa (PT; PL) demonstrada nas eleições de primeiro e segundo turno. A análise materialista histórica, a partir da qual passamos a afirmar isso, tem seu antecedente, no caso do PT, em um processo de Revolução Política (2013), em que as massas romperam com suas lideranças traidoras, retirando todo apoio e tomando as ruas após um aumento geral no preço da tarifa do transporte de ônibus, atuando como uma faísca de ignição.

A crises do PT

Desde então, o PT, que havia deixado de contar com o apoio incondicional da classe trabalhadora brasileira passou por seu pior momento, com a prisão de seu líder máximo e histórico, Luiz Inácio Lula da Silva. No mês de junho de 2013, os níveis de pobreza e desemprego superaram as expectativas da população em relação ao primeiro governo da economista Dilma Rousseff, cuja candidatura foi promovida pelo ex-presidente "Lula".

Naqueles dias, acentuou-se fortemente a rejeição da corrupção entre o Estado e a burguesia local, que enriquecia rapidamente à custa dos trabalhadores, e isso fez com que o PT caísse em 2016, após um processo constitucional (Impeachment), deixando o Vice-Presidente Michael Temer (PMDB) no comando do executivo até 2019.

       O resultado das eleições

O resultado das eleições de 2022, em termos de milhões de votos, entre um candidato contra o outro, significou um verdadeiro empate técnico. Cada um contou com o apoio de apenas um terço dos eleitores. As duas candidaturas capitalistas são projetos políticos muito frágeis que resultaram em um próximo governo "Lula" no Brasil.
Logo, é importante destacar que mais de 42 milhões decidiram não votar, ou seja, anular ou votar em branco, e esse número de não votantes ficou empatado com os resultados de cada candidato. Em outras palavras, um grande número da população não acredita mais na democracia dos ricos, a democracia burguesa. Milhões de jovens não vão votar, quase a maioria negros, pobres e indigentes, entre 22 e 30 anos. Milhões de desempregados e pessoas em situação de risco alimentar, de saúde e de habitação não escolheram nenhum dos candidatos. Eles desconfiaram que este sistema lhes ofereça uma saída concreta para suas necessidades.
A candidatura de Lula não desperta mais o entusiasmo e o apoio de setores das massas que o PT teve em outros tempos. Este é o produto de Lula ser um defensor aberto dos grandes capitalistas, cercado pelos mais importantes empresários e banqueiros que apoiam sua candidatura. E, por outro lado, Lula se preocupou em conquistar o apoio dos setores mais atrasados ​​do movimento de massas, os setores cristãos, retrógrados, anunciando que se opunha ao aborto legal. 

Todo o programa de Lula se opõe às aspirações de milhões de ativistas que lutam pelos direitos das mulheres no Brasil, um dos setores mais oprimidos junto aos negros do mundo. Mostrando-se fiel representante dos grupos religiosos mais retrógrados, a candidatura de Lula não despertou nenhum entusiasmo em setores das massas e dos ativistas.

Os grupos da esquerda brasileira e a sua capitulação

 

O papel desempenhado pelos grupos da esquerda brasileira foi infeliz. A começar pelo PSOL, os grupos que o compõem, como a Resistência e outros grupos, além do PSTU, que no segundo turno convocou o voto em Lula. Todos esses grupos capitularam e traíram o povo brasileiro, porque chamaram a votar em um representante dos grandes empresários, que representa os interesses de 1% mais rico da oligarquia brasileira, apoiado pelo imperialismo estadunidense do governo Biden. 

Todos esses grupos diziam que tinham que votar em Lula para derrotar o "avanço do fascismo". No entanto, essas propostas são invenções para dissimular a capitulação que realizaram e justificá-la.
Mostrou-se ainda que o discurso de que havia "fascismo" ou "bonapartismo" no Brasil não era real, sendo comprovados posteriormente em alguns eventos significativos ocorridos dias após as eleições. Um deles foi o fato de Bolsonaro ter decolado com os grupos que bloqueavam as rodovias entre caminhões e policiais.
Outro elemento são as declarações do próprio Bolsonaro, antes das eleições, de que garantiria o processo eleitoral em plena ordem. Não houve presos políticos, ataque aos sindicatos, censura de imprensa, golpe militar ou qualquer outra ocorrência febril que indicasse fascismo.


O que está acontecendo no Brasil e no mundo é que todas as esquerdas entraram em colapso, e estão cedendo vergonhosamente ao reformismo. A partir daí, o que se pretende é que, com a falsa polarização entre PT e PL, encobrir o fato de o mundo ter entrado em uma fase revolucionária sem precedentes. E hoje há uma gigantesca ascensão das massas trabalhadoras que começaram a se rebelar contra o sistema e seus executores. Greves, mobilizações, guerras, queda de governos e retrocessos do imperialismo em questões militares etc. Esses são alguns dos elementos que indicam que desde 2008 até hoje, 2022, a ascensão das massas na luta de classes e na consciência deu um salto quantitativo. 

A grande debilidade do apoio popular ao futuro governo do PT, aliado a G. Alkmin, PSOL, etc., o levam a abrir diálogo a vários acordos políticos com a frente parlamentar bolsonarista e seus governadores estaduais. Os primeiros sinais de colaboração já começam com a intervenção política do "Centrão" e a nomeação de funcionários do governo por indicação.

Em nossa publicação anterior (02/10) escrevemos: "... Todas as previsões de uma vitória esmagadora de Luiz Inácio Lula da Silva [PT], candidato do Internacional Progressista, que circulou fortemente algumas semanas antes das eleições presidenciais, apontavam para uma diferença superior a 10 pontos percentuais. Mas isso não aconteceu.". 

Logo após o resultado do segundo turno (30/10), tampouco o progressismo obteve uma diferença importante sobre Bolsonaro, esta apenas ficou abaixo de 2 pontos porcentuais, e tampouco o progressismo obteve uma diferença importante sobre Bolsonaro.

Lula irá governar de acordo com o Centrão e o bolsonarismo


No entanto, fundamentalmente é mais importante dizer à classe trabalhadora brasileira que seus interesses como a saúde, trabalho, educação, salário, moradia e segurança alimentar não são garantidos por nenhuma coalisão partidária ou força capitalista que governa o país. 

Lula obrigatoriamente irá negociar, não apenas com empresários locais de peso, mas também com bancos internacionais, Biden, conglomerados e empresas multinacionais que tenham interesses no Brasil, e toda frente da oposição bolsonarista no parlamento, na justiça e nos estados do sul do país.

Desde La Marx Brasil afirmamos claramente aos trabalhadores e ao povo de nosso país que este não é nosso governo. 

Lula vai contra os trabalhadores e o povo, por isso não devemos apoiar nenhuma de suas medidas, porque vai governar de acordo com o Centrão e o bolsonarismo para garantir os lucros dos 1% mais ricos do capitalismo brasileiro.
Devemos apoiar todas as lutas e reivindicações que se desenvolvam, junto com os mais oprimidos e pobres que devem se mobilizar para defender seus direitos. 

E convocamos os simpatizantes honestos dos grupos de esquerda, fartos das traições dos líderes dos grupos que apoiam Lula, a se reagruparem em La Marx Brasil, para lutar por um governo operário e popular, por um Brasil socialista, sendo a única saída real para resolver as aspirações do nosso povo. 

Por Hernan Corbalan,                                                     Bauru SP - BRASIL (08/11/2022)

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